A crise climática não afeta apenas o planeta: ela impacta profundamente o bem-estar emocional e mental de milhões de pessoas. O que antes era visto como um problema ambiental distante agora é sentido no corpo, na mente, nas relações e trabalho.
Neste artigo, você vai entender o que é ecoansiedade, quais são seus sintomas, como as pessoas são afetadas e como o mundo corporativo pode lidar com esse novo desafio de saúde mental no trabalho.
Ecoansiedade, também conhecida como ansiedade climática, é o termo usado para descrever o estado de aflição psicológica causado pela percepção das ameaças ambientais. É caracterizada por um medo crônico do colapso ecológico, da destruição da natureza e das consequências climáticas sobre a vida humana e não humana.
Embora ainda não seja classificada como transtorno mental pelos manuais diagnósticos tradicionais (como o DSM-5), ela é reconhecida por profissionais de psicologia e de pesquisa como uma resposta emocional válida diante da gravidade da crise.
A ecoansiedade desafia as práticas clínicas tradicionais porque não resulta de um conflito interno isolado, mas sim de uma realidade objetiva e ameaçadora. Negar sua existência é, de certo modo, reforçar o silenciamento do cuidado emocional em tempos de colapso ambiental.
Entre os impactos observados estão:
Uma pesquisa realizada em 2020 revelou que 67% da população americana sentia-se um tanto ou extremamente ansiosa em relação aos impactos das mudanças climáticas no planeta. Além disso, 55% expressaram preocupação com os efeitos dessas mudanças sobre sua própria saúde mental.
O mesmo estudo indicou um crescimento significativo na percepção de que o clima afeta a saúde mental: de 47% em 2019 para 68% em 2020. Esses números evidenciam a crescente urgência de integrar o cuidado psicológico às estratégias de enfrentamento da crise climática.
Baseado em conceitos desenvolvidos por pesquisadores como Glenn Albrecht e evidenciados nos relatórios da APA, as emoções frente à crise climática são múltiplas e legítimas.
A resposta emocional diante da crise climática é complexa e multifacetada. Entre os sentimentos mais recorrentes estão:
Tristeza profunda pela perda de espaços naturais, culturas, espécies e modos de vida. Pode ser desencadeado por eventos como queimadas, enchentes, desmatamento ou degradação urbana.
Termo cunhado pelo filósofo Glenn Albrecht para descrever a dor existencial causada pela transformação irreversível do lugar onde se vive.
Sensibilidade exacerbada quanto aos próprios hábitos de consumo, viagens, alimentação ou trabalho. Pode levar ao bloqueio emocional ou à hiperresponsabilização.
Diante do desinteresse político, da indiferença corporativa ou da lentidão de mudanças estruturais. A raiva pode ser canalizada como força de mobilização.
O ambiente de trabalho também se configura como espaço sensível aos efeitos da crise climática. Em tempos em que se fala tanto de ESG, responsabilidade social e sustentabilidade, muitas pessoas podem sentir-se emocionalmente esgotadas ao perceberem que as práticas das empresas onde atuam estão distantes dos valores que defendem.
Além disso, cada vez mais organizações enfrentam o desafio de lidar com pessoas que foram diretamente impactadas por tragédias climáticas como enchentes, queimadas ou deslizamentos. Essas experiências afetam não só a saúde física e emocional, mas também a produtividade, o senso de pertencimento e a estabilidade nas equipes.
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Diante do aumento de eventos climáticos extremos é fundamental que as empresas estejam preparadas para oferecer suporte adequado as pessoas colaboradoras impactadas.
O acolhimento e a assistência nesses momentos são essenciais para promover a saúde mental no trabalho e manter um ambiente organizacional resiliente:
Disponibilize serviços de apoio psicológico, como sessões de terapia individuais ou em grupo, para ajudar as pessoas a lidarem com o trauma e o estresse pós-desastre. A escuta ativa e empática, sem julgamentos, é crucial nesse processo.
Adapte as políticas de trabalho para atender às necessidades das pessoas afetadas. Isso pode incluir flexibilização de horários, possibilidade de trabalho remoto ou concessão de licenças remuneradas para que possam se recuperar e reorganizar suas vidas pessoais.
Ofereça suporte material, como auxílio financeiro emergencial, doações de itens essenciais ou ajuda na busca por moradia temporária. Além disso, facilite o acesso a informações sobre recursos disponíveis, como programas governamentais de assistência.
Mantenha uma comunicação clara e constante com toda a equipe sobre as medidas que estão sendo tomadas para apoiar as pessoas colaboradoras afetadas. Isso reforça a confiança e demonstra o compromisso da empresa com o bem-estar de todos.
Treine as lideranças para reconhecer sinais de sofrimento emocional e para agir de forma sensível e proativa. Lideranças bem preparadas são fundamentais para criar um ambiente de apoio e compreensão.
Incentive ações coletivas de apoio, como campanhas de arrecadação ou grupos de voluntariado, que envolvam toda a equipe. Isso fortalece os laços entre os times e promove um senso de comunidade e solidariedade.
Crie espaços de diálogo e acolhimento sobre as emoções relacionadas à crise climática, como climate cafés, rodas de conversa e canais internos. Integre a temática climática nos programas de bem-estar emocional, ofereça suporte psicológico especializado e estimule o engajamento em projetos de impacto positivo.
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